Depois
me conte como foi.
Conte
como foi o despertar
noturno
e silencioso do
sobressalto.
Como
foi o contacto com o pesado
estranhamento
e o vazio
abrupto.
Como
foi o adentrar pelo lado
esquerdo
das cores
melancólicas.
Conte-me
como foi ver toda aquela
movimentação
ao redor do
imobilismo.
Conte
como foi ter as mãos recobertas
pelo
pungente sangue do prepúcio
que
cortaste daquele
punga.
Conte-me
e não se preocupe com o
plausível
, o céu está cheio
de
diamantes, ferraduras e
vísceras.
Como
foi a espetacular e dorida
mutilação
dos seus sufocantes
cabrestos.
Como
foi a lastração epidêmica
de
ódio pelo desgraçado-mor
com
a sua risível e borrada
máscara.
Conte-me (mas guarde a rispidez),
como
foi o desprovido contentamento
inaugural
da relva e do mutante
desfolhamento.
Como
foi sentir o cheiro do
untuoso
e apimentado pisotear
que
sob fina chuva, lá fora
ocorria.
Conte-me
como foi estar no front
e
ouvir o iminente bombardeamento
‘casto
e misantropo’ em nome
da
ética e da moral,
ouvir
a detonação da artilharia
no
arcaico e empoeirado
cristal.
Depois me conte como
foi...