domingo, 7 de dezembro de 2014

De barba até o natal

Ficarei de barba até o natal
mostrar solidariedade
ser participativo;
vou trucidar o primeiro papai Noel
que, de trenó cruzar a porra do meu
(des)caminho, já imundo
                      inumano,
farei jorrar sangue das renas
  (tão bem cuidadas),
as f.d.p. tem os cornos
maiores que os meus;
de barba até o natal
com o saco cheio
      o saco cheio de reclamações
                     de inutilidades  
ah! as famílias margarinas 
de sorriso branco
panetone e peru sobrando...
como sou um covarde e não vou às ruas
com bandeiras e cartazes
deixo a barba no seu descompasso
...e aquela que vier morder meu queixo
que traga desenvoltura e disposição,
 “dor&ereção”     
de barba até o natal. 

Nem ser

quero ser poe
quero ser     ema 
quero ser ninguém
quero nem ser 
           ser arma
           ser     zen 
pra bater asas
       bater pernas 
pra bater boca 
       bater em retirada
          desprender     
          desaparecer. 

à partir de dois poemas de Isaías de Faria, "Armazém" e "O poema quer ser alguém".