sexta-feira, 30 de dezembro de 2022
Últimas leituras de 2022
segunda-feira, 26 de dezembro de 2022
Era perto
...era
perto a ovalada e triste
pracinha,
fôra
mínimo o esforço para atingir a
neblina
da
roliça noite
que
insistia em somente sobrevoar a
tarde,
possuí-la,
num vazio, fazia-se,
na desgostosa
noite de segunda
a
terrível participação
sobreveio
silenciosa,
na
mais amarga solução
ela
trouxe o tinto seco
batizado
por baco
maldição,
tentou
segurar minha mão
aprisionou
o desejo
que
ainda insiste
liberto
ser/estar,
era
perto,
o
que um dia
inconcluso
ficou
e
nada resta
nada
por dizer
por
esperar
no
infindo fastio da incerteza...
domingo, 20 de novembro de 2022
domingo, 13 de novembro de 2022
Novo livro
Apresentação
A
ODISSEIA DO POETA EM SEU LABIRINTO
Dizem que o poeta é um visionário, ou
que a poeta é uma ‘antena da raça’, ou que a poeta diz o que precisa ser dito,
ou que o poeta é quem diz aquilo que não saberíamos dizer. Também dizem que o
poeta só sabe falar de si mesmo, ou que vive numa ‘torre de marfim’, e que a
poeta só se envolve com belezas e perfumes e arco-íris. Dizem muito sobre os
poetas, inclusive que estes ‘mentem demais’.
Sempre dizem algo sobre o poeta, ou acusam a poeta, ou
desacreditam a Poesia. Faz parte do jogo dos discursos. Discursos que se
alternam ao longo do tempo, que oscilam, de um lado para outro, ora
autoritários, ora libertários, ora conservadores, ora subversivos, de acordo
com a sucessão dos Zeitgeiste, os ‘espíritos das épocas’, ou seja, os
movimentos de ascensão e decadência de políticas e de tendências e de estilos
artísticos.
Muitas vezes o Poeta pouco se importa com categorias e
julgamentos, e segue sua obra poética em paralelo ou afronta ao estabelecido.
Sua arte é sua defesa e também um labirinto onde ele ou ela se protege, mesmo
que se perdendo. O Poeta fala de si mesmo mas falando do mundo ao redor, a
partir de sua perspectiva. É assim em Letras reverberando em nuvens submersas
[2022] obra do poeta Israel Faria que vem dialogar com sua época, mesmo quando
fala sozinho consigo mesmo, em seu próprio labirinto psíquico e estético,
meu universo é meu labirinto caleidoscópio, as cores não são cinza quase, talvez reflexo palidez e/ou negror lâmina e corte (O silêncio da hora uivada)
O poeta percebe se locomover dentro de condições e de possibilidades, que são limites e desafios a serem transpostos e superados, nos degraus da evolução do sofrimento e da angústia até o amadurecimento e a consciência, para além de suas amarras,
Não venham retirar de mim todas as possibilidades
de angústia de vertigem de solitude todas as impossibilidades de sucesso de felicidade de amadurecimento.
A fala do Poeta – o seu poema – é um ladrar, um uivar contra as amarras das condições físicas, psíquicas, sociais, numa tentativa de desabafo, testemunho e tentativa de equilíbrio, ainda que precário e efêmero
O poema ladra cleptomaniacamente
tenta
irromper, o
poema está de sentinela, seguro
de sua não verbalização, o
poema se
equilibra, lá
embaixo só barro
e pó, o
poema despenca, e
não sou eu que vou amparar [O
poema]
Venho tentando manter a
atenção o
foco a sutileza dos
detalhes, tentando um
equilíbrio um
certo entendimento vago
e disperso perto
do que não
se distingue [Venho
tentando]
O que sobrou de suas tentativas de desafio são as linhas que ora recebemos e enfim lemos em sua obra poética, como um testemunho de sua emoção, e de sua missão, no mundo de celas acolchoadas, que oprime com promessas e encantamentos de serpentes, com elogios e medalhas, estas correntes macias da ilusão,
O Poeta em sua obra sente que
está sozinho, mas já não teme a solidão, ao contrário, é a partir desta que o
autor Israel Faria vem tecer e então gravar estas Letras reverberando em nuvens
submersas, seu desabafo e seu testemunho, em desassossegos prosaicos e em
perambulações líricas em torno de seu próprio labirinto,
Já não temo mais a solidão. Tenho um par de tênis para lavar, meia dúzia de livros ainda não lidos, tenho que apagar todos aqueles nomes na parede e outros tantos
na agenda. [Não temo mais a solidão]
Leonardo
de Magalhaens
Poeta,
escritor e crítico literário
Bacharel em Letras / FALE / UFMG
domingo, 6 de novembro de 2022
Syngué sabour
sábado, 29 de outubro de 2022
Criatvra
criatvra não
tente
elvcidar
uma
virtvde
fvlgaz;
deixe
na brvma
sem lisvra
a cvlpa que ronda;
nvnca creia
na leitvra
no advlterar
do cvrso;
nada
de crvcificar
a língva que desdiz
nem ajvdar no
desmoronar
profvndo
dos hvmanos;
criatvra, reinvente-se.
segunda-feira, 10 de outubro de 2022
domingo, 21 de agosto de 2022
Corromper
corrompi
o
seu poema
e
ele nem era
tão
bom assim
corroí
o
seu corpo
e,
sim,
ele
ainda
é
muito bom
converti
os
meus garranchos,
e
eles suspensos estão
pairando
perto do
dantesco
báratro
corri
desembestado
pela duna
e
nem toda aquela areia
conseguiu
soterrar
as
minhas
angústias
cumpri
o
que você
de
forma exaltada
e
autoritária exigiu
distância
e silêncio...
domingo, 31 de julho de 2022
Cinema
domingo, 17 de julho de 2022
Desequilíbrio
numa
queixa fugidia
num
breve lapso ignorado
nu,
olhar embaçado, sem foco
logo
um desabrochar frondoso
longo
o desaguar na pororoca
longe
o desvio revigorante
lógico
nada
supera
o pungente desequilíbrio
fantasia/realidade.
domingo, 26 de junho de 2022
Com marcas de sangue
olhar claro e penetrante
adorno meus
fetiches
imolo suas
imagens
virtuais
seus
nudes
suplico marcas
com sangue
ela me ignora
me excita
me desgasta
nos esforços tântricos
que ela evoca
com indumentarias
que transtorna,
que povoa e
transubstancia
meu sono,
transforma em
pesadelo
acordo molhado
ela transgride
o que seria pleno
e orgástico
divina/profana
me exclui
me subjuga
como uma sadÔ
cuida-te, pois!
afasta-te,
eu perigo violento furor
a bondade passa ao largo
quero seu sangue misturado
com meu sêmen
seu formoso deleite na
minha saliva
seu êxtase dando
cãibras e pausas
seu/meu
nossos prazeres reinando...