A
anfitriã meretriz
presenteou-me,
pele
alva
partes
róseas
porção aveludada,
cândida,
nenhum
espasmo ainda
nenhuma
mordida
nenhum
gemido antes,
naquela
noite
a
anciã flácida
fez-me
feliz.
A
anfitriã meretriz
presenteou-me,
pele
alva
partes
róseas
porção aveludada,
cândida,
nenhum
espasmo ainda
nenhuma
mordida
nenhum
gemido antes,
naquela
noite
a
anciã flácida
fez-me
feliz.
com
gentileza
ela
amarela passa
a
tramela
na
noite
paralela,
aquela
querela
ela
deixou
baixo.
sob
seu
escrutínio
sinto-me
escravo
então
escrevo enxovalhos
e
bendigo o seu maldito
escrete
repleto
de
escrotos.
captou?
é
o adentramento
do
que você, inocente,
sempre
ignorou
captou?
parece
e é a fugidia
possibilidade
de aproveitar
o
momento vindouro
captou?
isso
é o que
restou
da somatória
de
suas desgraças
captou?
na
sobrecarga das reminiscências
que
evadiram e só sobrou
um
amontoado de irrelevâncias
captou?
eis
aí a decrepitude
para
o que pensavas
como
o ideal pra nós
captou?
o
seu suposto duplipensar
não
comoveu ninguém
e
o barulho foi menor que um ronronar
captou?
esse
é o crepúsculo
do
nosso mútuo livramento,
você
de mim, e eu de mim mesmo.
sou
mercador
de esperanças
menestrel
de aforismos
mercenário
de almas vacantes
sou
marujo
de pântanos
mastodonte
do serrado
masturbador
de ideias abortadas
sou
mímico
minimalista
minister(do
meu caos)
sou
muro,
que aparta
múltiplo,
que reduz
músculo,
que derrete
sou
mostruário
obsoleto
momento
esquecido
monstro...
Finitude,
tudo parece
estar
perto
e
já não mais,
parte,
passa
e
finda,
perecer
aos
poucos
na
busca
do
imponderável
perceber-se
o
quão pequenino
em
cada queda
cada espanto,
persistir
no simples
no fugaz
no mínimo
perder-se
diante
do
movimento
do
momento
do
monumento crível
e
adiante
posto
tudo,
grato
ser
sempre
pela
nova
aurora.
nenhuma
nebulosa
nem
aurora boreal
tampouco
um
tsunami
ou
revolto
vulcão
expelindo fúria
só,
e tão
somente
a
sua
supimpa
capacidade
para a catástrofe o
sublime
rancor
por quase nada
a
espessa neblina
de
mágoa que
te
ronda
impede
que vejas
o
que poderia
o
que ainda pode...
fui decapitado,
impotente
não
penso mais
(um
dia pensei*)
agora
sem
imaginação
para
voar/criar
sem
ereção
pra
amar/gozar,
perdi
a cabeça
as
jacobinas
as
concubinas
reverbera
em mim
os
rumos daquela noite,
ainda
ecoa
vontades
imensas,
reverbera
agora
a
imagem da sua
maravilhosa
boca
enquanto
você
profundo
dormia,
ecoa
alto seus
irrecusáveis
pedidos
até
que meu corpo sucumba,
reverbera
cá dentro
impulsos
gritantes,
ecoa
e vibra
o
silente suor
que
escorria entre
seus
seios,
reverbera
em mim
rumores
que aquela noite
ocorrerá
novamente,
.................................
rumores
de que nunca aconteceu
aquela noite.
vem
ver
na veneta dela
só vendeta
vence
venta do
seu ventre
a verve
vesana
e venal
o veemente
verso com
e
n
e
n
o
tua
corja
teu
crepúsculo
tua
côrte
adentre
de vez
sua
caverna
seu
circo
sua
culpa
abandone
para todo...
sua
crise
seu
cúmplice
sua
cisma
ignore
com veemência
minha
carcaça
meu
credo
minha
concupiscência
retorne
para
teu
cume
adentre
de vez
sua
crença
abandone
para todo...
seu
ciúme
ignore
com veemência
minha
cama
meu
corpo.
enxotei
de
pronto
a
argumentação
reles
rude
e
ridícula
de
pertencimento
em
outrem
‘agora
tenho alguém’
divagação
sórdida
continuarei
a ter
somente
a mim mesmo
e
não vou condoer
com
a suposta
felicidade
alheia
tampouco
com a
humilhação
que
destino
ao
meu eu
mais
obscuro
nenhum
olhar
farisaico
colherá
condolência
nem
o
vitimismo
uma
lágrima
uma
gota do
sangue
alheio
não
vale
um
segundo de
reflexão
hora
de repelir
o
bem-intencionado.
sepulcral
ensurdecedor
aterrador
meu
silêncio
derrama
perto
de
estrondos
que
sobressaem
plenitude
sem fulminação*
meu
silêncio
escorre
perto
dos
absurdos
proferidos
silêncio
meu
noturno
transposto
delírio
obscuro
ruidoso
sussurro
silêncio
aqui dentro.
*Clarice Lispector