Agora

Agora ninguém mais passa por

aquela porta,

não sai,

não entra.

Ninguém vai bater num

chamamento.

Ninguém com olhos de espera

irá abrir e

encontrar só outra decepção.

Agora ninguém mais senta

naquele sofá,

sem chás,

sem drink’s.

Ninguém sentado nele

contará piadas,

nem fofocas,

seguro de que tem a

atenção de todos.

Agora ninguém mais ouvirá nada

daquela caixa,

música, pregação,

propaganda ou catástrofe.

Nem Noel, nem Coltrane,

nem Sweet Noise, nem Bach,

nada.

Só ecos de um silêncio que a cada

um dirá algo diferente.

Agora ninguém mais

vai questionar,

posto que é visível.

Foto: Israel Faria