Já não temo mais a solidão;
tenho um par de tênis para ser lavado,
meia dúzia de livros ainda não lidos,
tenho que apagar todos aqueles nomes na parede,
& outros tantos na agenda.
Não terei filhos nem netos para cuidar de mim,
para me ouvir, me aporrinhar;
nem por isso.
Não temo mais,
na estante alguns filmes pra ver,
e poucos pra rever,
rabiscos incompletos,
e uma enorme indisposição para
explicações inúteis,
discussões idem.
Já não importa mais
minha barba por fazer,
o cabelo oleoso ou
a falta de uma foto minha nos “amigos”.
Tenho coisas menores para cuidar,
a caixa de fósforos acabando,
uma escova nova,
jornais velhos, uma cruzadinha;
preservativo, condicionador...
Na falta de uma visita espontânea,
uma profissional.
Já não temo mais a solidão.
2 comentários:
poema bem escrito. prende a leitura ja nas 2 primeiras linhas.
Bela e triste como uma viúva jovem. Adorei mais essa.
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