segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Conto: Fotografias.


Havia nela uma peculiaridade que me escapava,
Tirou o Ray ban de grau e veio em minha direção.
---Você gosta de fotografia? Indagou. 
Com um aceno respondi que sim.
--- Gostaria de ver algumas que tirei?
Outro aceno afirmativo.
--- Acho que tenho um vinho em casa, vamos?
Gostei daquele modo direto de abordagem, e eu não seria tão otário
Quanto pareço de recusar tal convite.
R. tinha uma voz doce, olhar afável e gesto minucioso;
Mas, o que mais me encantou foram os seios, grandes e firmes,
E uma cintura de causar inveja nas outras mulheres.
No apartamento havia pouca mobília, entanto tudo parecia estar
No seu devido lugar.
Ela falou que precisava ir ao banheiro, se eu poderia abrir o vinho.
--- O saca-rolha está na segunda gaveta- gritou, já com a porta fechada.
No percurso até a cozinha perscrutar fazia-se, alguns livros de
Poesia e de literatura estrangeira, muitos filmes,
Noite N° 1, título interessante para um filme, um cd de Chet Baker;
Mas o meu interesse naquele momento não era sétima arte,
Tampouco letras impressas ou jazz.
Saquei a rolha, servi duas taças; sorte minha, era demi-seco, esperei.
R. saiu com uma bela camisa de seda branca e cinta-liga preta na perna esquerda,
Deslumbrante visão:
--- Merda a outra desfiou! – como se eu fosse me importar.
Ela pegou sua taça e propôs um brinde:
--- Aos que estão no lugar certo na hora exata do click.
­­­­--- Saúde - disse fingindo entender.
--- Fique à vontade, livre-se dessas roupas.
Obedeci.
R. colocou um blues-rock e veio dançando,
---- Adoro cheiros, aromas, olores – disse entre minhas pernas.
Deu uma longa ‘cafungada’ no meu púbis, digo, entre o umbigo e o pênis, disse:
--- Quero você!  
Delírio, um lento e molhado oral, olhava pra cima e sorria com meu êxtase.
Depois cavalgou, que destreza, ora rápido, ora mais lento;
Foi transfigurando-se, então aproximando aqueles lindos seios me pediu
Que mordesse seus mamilos e que enfiasse o dedo em seu rabo (com o qual eu já brincava), ela ia gozar:
--- Vou gozar, to gozando... disse entre soluços.
Foi como se ela tivesse tomado um poderoso calmante, adormeceu e nem viu
Minha explosão, espalhei como se creme fosse e também adormeci.
O sol já ia alto, levantei, me vesti e ‘dei linha’, pensei:
--- Aquelas fotos ficarão pra outro dia.
Num pedaço de papel escrevi o número do meu telefone, e-mail e uma frase do
Efraim M. Reyes:
“Antes que a noite inverta seus desdéns, cante a sua fuga”.  
Desci a ladeira pensando em cerveja gelada, peixe frito e alcaparras com pimenta biquinho.

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