Com aquela completara a terceira
vez que ele ia à minha
casa tentar vender outro livro.
Novamente houve o desencontro, por onde eu andava e
o quê eu fazia sabe-se lá, provavelmente bebendo vodka
barata e batendo cabeça, não importa.
Em certa ocasião tive a oportunidade de dar uma olhada
naquele baú, baú de espantos, de bardos tantos, junkeis;
claro estava, ali havia nova chance de adquirir por uma
‘pechincha’ um bom material.
Caminhada perdida deixou-me um bilhete, rabiscos é verdade
que dizia o que segue:
Belo Horizonte, Inverno de 1995.
Camarada Israel!!
Assim como
Sade, Baudelaire, Rimbaud, Lautrèamont,
Genet
também teve sua alma chamuscada pela mesma
pirotecnia
sísmica inerente ao mesmerismo que excita
em
sobressalto!!
Suas
personagens degradadas e esfoladas por ele mesmo,
quê é ele
mesmo desdobrando-se e amalgamando-se na
pletora
dos seus temas...
É
dispensável qualquer apresentação.
É apenas
para exercitar os punhos mercenários.
Que Nossa
Senhora das Flores o proteja!!!!
Dos
apáticos, dos políticos, dos “intelectuais”,
das
greludas, da masmorra e da poesia engajada...
do
seu amigo
Karide
Jean Genet,
sim, autor de ‘Diário de um ladrão’,
livro que eu
já havia lido à alguns anos e gostado muito.
Estava ali
maneira mais fácil de acrescer aquela pobre
estante minha.
A pressa não
se fazia, deixei que o ‘Influências’ terminasse,
coloquei a
bermuda surrada, peguei as economias que era
para a
garrafa de destilado no final de semana e fui em busca
da nossa senhora,
ia já ensaiando alguns pedidos,
que ela me
desse além de proteção, inspiração para a poesia
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