domingo, 27 de dezembro de 2015

Hoje não estou

Hoje eu não estou
pra ninguém
só para as minhas desavenças
     para as minhas inimizades
              aquelas que me despreza

Hoje eu não estou
pra ninguém
só pra quem já me esqueceu
            quem blefou com o braço de ouro 
                              ou desapareceu

Hoje eu não estou
pra ninguém
nem pra mim
tampouco para o que se desgastou.

domingo, 20 de dezembro de 2015

Apócrifo

Cri  
no vão que nos acomete
desenganei
no acomodo que me
impugnaram
volto ao pó
deixo a fênix pra trás
e no chão do desespero
me refaço
longe do sublime
nos cacos da indiferença
permaneço
perto
longe
do que querem
dos olhos que vêem
da cegueira
apócrifo
mas, ainda pulso 
e deliro!

domingo, 13 de dezembro de 2015

Dê uma chance

Dê uma chance
ao azar
ao improvável

dê uma chance
ao que já foi
ao que não mais

dê uma chance
ao que passou
ao que insiste

dê uma chance
ao que se espera
ao que transbordou 

dê uma chance
ao que quer ser dito
ao não mencionado

dê uma chance
ao que nem sei
ao que não fui

ao que pode ser (ainda)
                sei
    que pode.

Terceira gaveta

Na falta de qualquer alheia
besteira
vai uma própria e retrógrada   
mesmo:
 Vou ali comer uma coxinha e beber
 suco de frutas vermelhas,
doravante ler idiotices que estavam
perdidas no fundo da terceira gaveta. 

Optar

   opto  
      pelos ruídos  
o óptico  
             continua
embaçado!

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Chovia no viaduto


                              Era domingo,
                      chovia no viaduto,
                      estava indo embora,
                      no vão de uma escada
                      eu acabara de ganhar um
                      molhado boquete. 

                                                    Foto: Israel Faria

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Hai-Kais: Tarde

asnice grande
e o dia se esvai no
mormaço da tarde. 

                                  já é tarde 
                                  e as sombras insistem
                                  em permanecer. 

uma bagatela
os achismos  da tarde
foram corroídos pelo negrume.

domingo, 6 de setembro de 2015

Versejando com a Flair

Sair agora,
ser nômade
pra quê Flair;
o extenuante
    está lá fora,
a gentileza
já pesa pouco
os floreios,
os sofrimentos,
se equivalem
à minguante enxurrada,
esperam que role e traga
algum entendimento
para a estupidez,
para a
coexistente estupidez.  
                                           Foto: Israel faria

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Amabilidade

Eu não vou dar,
aqui,
luz aos surdos,
nem refresco
aos saciados,
a amabilidade
está posta,
na esquina
      oposta.

Exceto

Não se preocupe,
tudo que você
tem aí
eu não tenho aqui,
exceto
aquilo que é meu,
o quê eu preciso
e venero:
minha liberdade. 

domingo, 23 de agosto de 2015

Pela manhã

Pedaço de pizza
da insone noite
que de modo algum
trouxe reparo para as
desimportâncias,
tampouco o vinho deu
entendimento
àquele forçado sorriso
no “retrato” postado.

Suco de graviola
para tentar
restituir a frase
que ficou perdida
entre a queda e o
veneno.

Pela manhã ainda ecoava
‘Afrobombas’.

Nada resta!

     uma vez eu 
era  a vez
que  já
era
eu me
erro
      na vez  
 eu        ex
 nada resta! 

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Partamos!

Creio que não fui objetivo
tentei alguns artifícios
                       artimanhas mil
           muitos artefatos
nada
nada de clarear
desisti
justo
como qualquer
 parte-se pra outra
partamos!

sexta-feira, 31 de julho de 2015

Observar as minúcias

Havia sim, uma diferenciação,
mas, eu era incapaz de vê-la,
teria que ser muito perspicaz
pra tanto,
e eu desde sempre
fui muito distraído,
disdigüir contrastes não era comigo,
insinuações eu ignorava,
jamais dava um valor demasiado
ao que queriam me impor,
calava-me, não conseguia dizer
onde de fato eu via algo digno de menção
(no modo elegante de um felino deitar? talvez!),
era e é isso,
observar as minúcias,
e deixar assim,
que a chuva caia com a sua displicência
atroz.
 

foto: Israel Faria

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Data comemorativa

Tá bom, tá bom,
tudo bem,
eu aceito a data comemorativa,
mas, se ela colocar aquela
nojeira de ‘amor i love you’ da marisa monte
eu quebro a porra do som 3 em 1,
deixo pra lá o ‘del diablo’,
e vou bebericar a ‘chora rita’
ouvindo ‘i hate you’ do overkill.  

domingo, 31 de maio de 2015

Passando pelo pesado portão

Algumas peças do mobiliário
já não fazem parte do ambiente,
dentre essas o cupido da asa quebrada,
uma outra descartada
acabava de passar pelo portão,
pesado portão,
que(diga-se de passagem)
fôra aberto aos solavancos ,
e fechado com a ira dos que não dizem ‘tchau’ 
deixando um vácuo à sua volta.
Os motivos ficarão para sofrerem
a malévola e essencial
ação do tempo.  
Embora não pareça,
para alguns a substituição
destas tais peça é tão
fácil e simples quão
abrir a geladeira e servir um suco de
frutas cítricas. 

domingo, 24 de maio de 2015

Perdas

...
Interrompeu o que eu propunha
disse que não gostava de despedidas,
tinha em mãos
novos desejos
muitos projetos
e idéias...
cabelos presos
brincos ganhados recentemente
vestido multicor
nos lábios
além da umidade usual
elogios
e irritantes verdades
os coloquialismos eram
ainda mais enervantes
...
Levantou-se
soltou os cabelos
‘matou’ o copo de absoluty
e foi-se
foda-se
nenhuma perda é irreparável.  

Quiçá

...quis
   que lá
   quiçá
esteja ou
    seja o quê
 deseja o quê  
 desejamos
   quem sabe!

Elucidativo

não vou mensurar  
a importância
de não mais ter
de menos ser
vou deixar estar
(nada de vingar)
já não sou
parte não faço mais
desisto de tentar ser
elucidativo. 

domingo, 10 de maio de 2015

Jogos

gente simulacro
jogo jocoso
eu sempre perco 


                            perdi a simulação 
                            gente jocosa 
                            elas sempre ganham 


                                                            gente que joga 
                                                            simulam e riem 
                                                            sempre me vencem.

domingo, 19 de abril de 2015

Universo

     universo
que inveja
       inverso
que    versa
        o verso
que injeta
  desajeitos
que inventa
           vestígios
que uni
            versos.

Não Volte!

passa
passa logo
passa a tranca
          o trinco
          a tramela

tente
tente logo
tente uma trapaça
         um   transe
         uma trama 

vai
vai logo
vai e não diga nada
      e não se despeça
      e não volte! 

Veleidade

a minha veleidade
                leviana
está bêbada  
        rodopia
navega à deriva
                 insone
e vai acabar
         naufraga
na lama.   
Filme Turco: Kosmos

terça-feira, 31 de março de 2015

Aparição

Aparece  desfoca  some  
ela tem o hálito afrodisíaco
nem sei
tangerina  tâmara  pitanga
bacante
banha-se de tinto
brinda com o cálice
dentro  a consistência de sangue
escorrido do mamilo mordido
nada de furos nos lóbulos
seria a obviedade circunstancial
seu hálito embriaga
é ópio
perde-se no toque gélido
do seu dorso
o pêndulo indica
sua presença
enigmática e turva visão
‘pela carne ansiosa e peregrina’
vagueia nas escuras e sujas e vazias
ruas
de um noturno outono. 


Por baixo da porta ovalada

Por baixo da porta ‘ovalada’ de madeira, um bilhete:
  garota,
encontre-se comigo,
22:00 hs
nas proximidades  
do moroso deserto
que criamos entre nós,
e não deixe destoar
o silêncio
que nos rodeia. 

                             #¨*+ 

terça-feira, 3 de março de 2015

Abate

o abate já é quase
o abade nem cogita uma reza
de minha parte
aparte consentido
importa pouco
o soletrar ligeiro
menos ainda
se o despejo
sem pejo
ocorrer de fato.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Assim sou

                                                                                                                      sou  
                                                   assim
                                                mas
                                                 posso
                                                 mudar

                                                      sou
                                                    assim
                                               e posso até
                                                  piorar.

Sonhei

Sonhei
sonhei a noite inteira
as ruas eram estreitas
as crianças infernizavam
com aquela gritaria
torturante
pesadelo
sonhei
e eu nem sabia
a noite se perdia/despia
os bares estavam cheios
cheios de frustração
fiquei bêbado
e por pouco uma ‘peixeira’
me atravessa as tripas
sonhei
e o quê foi, foi
perdeu-se
ficando somente
a dúvida e
uma neblina sépia. 

domingo, 1 de fevereiro de 2015

É sexta-feira

Dancei
Perdi
Sobrei
Foda-se
É sexta
É pra já
Abrir aquela
Cerveja ‘bem’ gelada
Banho de porta aberta
Som muito alto
Não fui
Nem era pra...
Vou dançar pelado
“ A girl like you”*
Copo na mão 
É sexta
É hoje 
É agora! 
                                                                                                 * Música de Edwing Collins

Não perder o bom humor

Que nada, eu vejo com
‘bons olhos’,
serve pra dar
boas gargalhadas.
É só mais um pouco da
choradeira feminina
conosco
trogloditas imundos
e egoístas.
Um monte de bruxas velhas e
gatas borralheiras querendo
seu príncipe encantado.
A proa e a cabine estão lotadas de
comandantes, escolha o seu,
o quê te convém,
‘cá’ no convés,
nós os marujos sujos
esperamos pacientes
a nossa caminhada pela prancha
   “ao mar”     “ao mar”
mas nunca perderemos o bom humor,
continuaremos rindo das que não são(mas se acham)
sereia ou Penélope,  
e acima de tudo vamos continuar
caçoando da nossa própria desgraça.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Enquanto for

enquanto for
enquanto forma
enquanto formos
enquanto formamos
      quanto     amamos?
  e que permanece oculto!

enquanto ser
enquanto será
enquanto ser há
enquanto sermos
     quando teremos?
  o que permanece distante!

         tanto
       quanto
       queremos e  
       perdemos.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Princípios

Os meus princípios
sempre foram precipícios
pra mim
rondo quedas iminentes
‘balanga’ perto de mim
os pródigos e
os prodígios
-nada diferem-
meus princípios
estão lá fora
chove timidamente
e eu nem sei
se são
se ainda lembram
de ter sido
notam em mim
a cruel indiferença
dos tolos
e sabem:
eu ainda os nego.

domingo, 18 de janeiro de 2015

Convite

Convite feito
pronto
agora tenho
duas opções
ir ou não ir
-aceitar ou recusar-
mil desculpas posso dar,
ignorar idem
certezas também não me faltam,
por ora duas:
se eu não for
           não farei
                   falta nenhuma
se eu for
não será melhor
pra ninguém.