quinta-feira, 30 de abril de 2009

Cochilo

Exatos vinte minutos,
13:27 às 13:47.
Tentar lembrar,
esforço inútil.
Sempre vem
(as lembranças)
dispersas ao
despertar.
Porém, nesta, há
uma nítida
impressão
que ela chorava.

domingo, 26 de abril de 2009

Vontades

Pálpebras suadas,
congesto respirar,
água somente,
vontades recíprocas,
despudoradas &
molhadas,
vontade
insaciável,
insanável,
nada por fazer
para conter
o correr das horas,
já era quase dia,
o sol iria brilhar
como sempre,
por si mesmo.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Sem Saudade

Todas as considerações

foram desconsideradas.

As questões paralelas

ficaram como devem

-sem menção-

as perpendiculares

viraram imenso nevoeiro,

as questões verticais

júbilo mordaz,

já as horizontais

extraviadas, talvez por serem

transviadas, nem sei;

ademais nada importa,

fragmentos,

quases,

certezas, nada.

Dizimaram.

Pequeninas frases y

elogios giram como se

estivessem num globo da morte,

com a punição certa

na parada.

Por ora só o eco,

o estrondoso ecoar

do (in) esperado:

SEM SAUDADE.

terça-feira, 21 de abril de 2009

(Des)entendimento

Com a impaciência visível:

-O que você quis dizer com isso?

Ela mostrava a folha sobre a mesa,

ele pegou, leu, recolocou:

- Somente o quê você entendeu.

- Mas eu não entendi nada...

- Então você entendeu exatamente tudo.

- O quê há cara, seja claro, você é tão incapaz assim...

Mudez. Ele colocou fogo no copinho de bebida destilada,

apagou e bebeu.

- Eu pensei que você era diferente, que você fosse...

- Ah! Por favor, poupe-me de sua psicologia barata,

de estudante que acabou de ler Sigmund .

- Sua estupidez e insensibilidade são dignas de aplauso.

Ele pediu outra dose e disse:

- A chuva vai aumentar, vamos?

Ela levantou-se, rasgou a folha e saiu.

- É troppo tardi.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Motivo

-Eu só quero um motivo condizente com suas atitudes.
-Seu desprezo pelo meu corpo.
Então ela foi até a janela, fechou-a, sentou-se novamente
e mudou de canal.
Ele vestiu a velha jaqueta de couro, viu as horas no relógio
de parede e pegou suas chaves.
-Vou dar uma volta.
Ela balançou a cabeça afirmativamente.
O portão ainda rangia, rasgando o silêncio da noite.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Dissipação

Quando disse aquelas últimas
duas palavras,
em que eu sempre
duvidava de sua
veracidade,
tinha as mãos cheias
de Adeus,
a Brandura nos olhos,
e na voz
Indolência;
o olor da 'dama da noite'
esvaíra,
no seu andar a
certeza de quem
sabe o que quer;
pelo caminho a
saudade, já em postas,
nem olhou pra trás,
azul era a cor do
vestido.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Atraso

Antes eu era

errado por fazer,

agora s’tou

errado por ñ fazer.

Desculpe-me, mas sou

assim mesmo;

ao meu lado

(colado em mim),

o meu atraso,

como disse K.

tô anos luz

atrás deles.

Ainda estou encouraçado no

Potemkin,

moinhos impedem-me

cavalgar com Sancho,

tocatas & fugas & prelúdios

ainda me tocam.

Mas não me olhem com a

doçura dos que compadecem,

não há grilhões,

vontade, apenas,

ah!, sim, claro,

Atraso idem.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Pasmo

Surtei.
Rompi o
invólucro,
os esdrúxulos
saltaram
aos borbotões.
Pasmei.

domingo, 12 de abril de 2009

Contento

Em punho

Empunho

Minha Cannon.

Nada vejo,

Blind.

E agora?

Tatear

Somente.

Até que a

Mente, o

Imaginário,

Crie algo

E que seja

Um pouco maior

Que a sua pobre

Existência.

Seja vento,

Que passe apenas.

E se num instante de

Desventura

Registro houver

Mesmo ao largo

O contento

P&B.


Foto: Israel Faria


sexta-feira, 10 de abril de 2009

De Profundis

De Profundis

Hefesto

mandou participes

(in sabbath night)

para abrasar meu

anti-braço & com a

égide em pouso

fire, fire, fire...

Agora um

Kwai Chang maneta

sem, Tigre ou Dragão?

Não importa,

nem a dor importa

cicatriz tampouco,

nada enfim,

a não ser o

silêncio das noites

de um eremita,

o silêncio

De Profundis.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Onde?

ALI

ALTAS

ALITERAÇÕES

ALVEJAM A

ALMA

DESNUDA DO

DESCUIDADO.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Miragem

OS ASES
OASIS
SERTÃO
SER TÃO
VEREDAS
DE CERTO
DESERTO
SER.

Enganados

Estamos sempre
enganando,
sempre sendo
enganados,
sempre tentando nos
enganar,
sempre fingindo ser
enganados.
Muitas vezes pensando
fazer,
outras muitas impelidos a
fazê-lo;
e quase sempre o
veemente
arrependimento
nos abate,
irrompe em choro e/ou
gargalhadas.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Seria...

Gostaram:
a mãe,
a tia,
o irmão,
e até a filha;
quanta diferença.
Só faltou ela ter
um felino.
Aí seria demais!

domingo, 5 de abril de 2009

Continho.

Continho: Noite de espaguete.

-Por que você tem que ser sempre desagradável,

cara trunfada, casmurro...

-Então a criança descobriu o bruxo de Cosme Velho?

-Hã, palhaço, uma hora desta tu podes sentir o

machado de Raskolnikov

.-Olha, olha, diretamente para a literatura russa,

se você continuar assim daqui uns dias estará

bebendo absinto e jogando dados em uma

temporada no inferno.

-Eis aí um dos seus inúmeros defeitos.

Subestimar as pessoas...

-Inúmeros? De alguns para inúmeros.

Estou melhorando.

-É, mas quem melhora demasiado acaba sozinho...

-Meu maior esforço é justamente pra isso.

-Grandessíssimo idiota, ridículo...

-Não, não, rock nacional não...

-Ah! Tá, um solo de trompete serve?

-Quem sempre carregou vassoura não empunha batutas.

..........................................................................................

-Você quer queijo ralado?

-Não, quero mais um pouco do tinto demi seco.

-Acertei o ponto do macarrão, e o molho está bom de tempero?

-Chiiiiiiiiiiiii, posso ouvir o Chopin?

-Chato...

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Noite

É noite.

São horas.

Um silêncio perpassa,

Lúgubre.

Transversais ruídos.

Está preste,

Na copa d’árvore o

Silente torpor,

Súplicas,

Sortilégios, menores embora.

Pouso nela.

A insônia me impele à renúncia

De pensar

De lembrar,

Nada atenua,

Escureço, pois.

São breus.

É noturno.

Espessa é minha capacidade de

Sofrer em silêncio.

Pouco a fazer para

Apaziguar esta obstinada

Vontade de chorar.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Dubiez

Dentro da inobservância o
(des) contínuo.
Signos jogados sobre
a mesa
(des) vãos.
Sob uma cadeira
feixes,
em pedaços a
(in) certeza.
Espelho trincado
estilhaços pelo chão,
manchas e um opaco
(re) luzir.
Penduradas na tramela
da porta as
idiossincrasias a serem
(de) postas.
Abaixo do apagador
na parede
um buraco, pequenino, é certo,
porém ele trás consigo
delírios,
ratos, morcegos
e uma dor
(in) delével.