domingo, 25 de março de 2012

AV MEVSIMI


Não há mais palavras.

Nem canções.

Não mais outono nem verão.

O sol não tornará a se levantar sobre nós.

As estrelas não cintilarão.

Não há vento,

Não há neve,

Não sentiremos o cheiro do mar

Nem a chuva em nossa pele.

Pombos e azeitonas não existem mais.

Não há mais o gosto do figo

Nem o cheiro da canela.

Não há mais bem ou mal.

O amor acabou,

Assim como o ódio.

Não há mais sofrimento,

Nem mais provações.

Nossa ferida não sangra mais.

Não sentimos mais dores.

Estamos cobertos pelo branco.

Fomos deixados sem sombras.

Poema que fecha o ótimo filme turco

“Temporada de Caça”.

sábado, 24 de março de 2012

De onde nunca esteve

Assuma a parte infrutívera
da seca
parta de onde nunca esteve,
do sótão
do porão
desprenda,
fúria, sim,
pode ser ideal,
sem cerimônia,
golpe único como
Zaitochi,
o outono vem,
esperemos...

Unânime

Ah! minha querida,
não, não,
sem considerações gerais,
esquece o anjo pornográfico,
e diga-me:
o que no mundo (no seu)
ao seu redor
você elegeria
(com ou sem elegia)
uma unanimidade?
E não me venha com clichê...

Assuntar

E eu que não
'assunto'
que não tenho
assunto
não
assumo
nem
aprumo,
e, pensando bem,
sumo.

Piração


Era 4 da manhã

Ele olhou

Pela janela,

Pirilampos riam e

Distanciavam de um

Possível

Paraíso (Artificial).

Era 5 da manhã

Vislumbravam-se borboletas

Sobrevoando

Ratos multicoloridos.

6 da manhã

Pedaços de crina misturavam com

Penas de albatroz,

Uma tela de Goya era

Pisoteada por um

Bode de um corno só;

Estirado naquela pocilga,

Com uma lata amassada e suja ao seu lado

Sentia as gotas de sangue

Pingarem do teto,

E na parede uma frase de Céline.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Companhia

Tenho a companhia

Tranqüila de um

Pombo,

Plumagem negra

Passos lentos, tortos,

Curvado como um

Corvo,

Bica minha

Bota com intimidade e

Confiança,

Circula o

Recinto em

Reconhecimento,

Depois pára

Descansa da

Árdua jornada,

Asas em repouso.

Com a mesma

Calma da chegada

Trespassa a porta

Toma a liberdade em vôo.

domingo, 4 de março de 2012

Kevin


Kevin mirou,
certeiro e sem
compaixão,
altivo,
sangue e dor.
Palavras ficam
inativas,
e não sabemos
o que falar.
Entanto precisamos
tentar evitar o
inevitável.

Partes

Agora sou

Parte

Carne

Parte

Conveniência,

Ora

Cama carinho carícia

Ora

Carona cerveja cinema;

E de quando em quando

Acabo nas

Críticas (comodidade), no

Casamento

Nunca.