domingo, 16 de fevereiro de 2020

Perguntas irrelevantes

Qual foi o dia em que você descobriu
que não conseguiria mais parar o processo natural,
irreversível e inevitável do envelhecimento?

Quando foi o momento em que você sentiu o romper
da sensibilidade dos que te rodeiam e que por conseguinte
o seu(questionável) amadurecimento não lhe trouxe
o respeito e admiração de outrem, mas, o desprezo
e esquecimento?

Como foi não ter nenhum significado
o que falaste,
o que fizeste(com tanta propriedade e metafísica)
não terem dado  menção aos seus efusivos
monólogos em que você mistura
Nietzche e Suassuna,
não convencer os “intelectuais” de ar condicionado e vinho francês,
tampouco os pobres e iletrados açougueiros que em sua inocência
propagam a matança covarde e o aquecimento global?

Não serás lido, entendido, admirado ou coisa que valha,
não viajará ‘darkamente’ ao passado para mudar aquele dia
que achas relevante; a sucessão de erros continuará...
como e quando você tentará furtar  o pêndulo 
que te impele pra treva?