sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Insinuosa



Ah! como ela é
insinuosa
quando quer ser,
metafórica
por vezes,
até as colisões na
encruzilhada dos
vagos sentidos,
toda sua
reciprocidade flui
na bamba corda dos
interesses,
revê de perto
o processo de
aperfeiçoamento
na manipulação
das palavras,
ameaça uma doçura,
entanto mantém
o açoite,
o freio, 
e o cadeado destrancado.

quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Não vou mais




Eu não vou mais 
concordar 
com a minoria,
a barulhenta minoria.

Eu não vou mais
concordar
com os desiguais,
os efêmeros desiguais.

Eu não vou mais
concordar 
com os bem-intencionados
e suas dicas mirabolantes.

Não, não vou mais,
voltarei para a minha 
platônica caverna
e ficarei mirando
gigantescas sombras.

Não vou mais
discordar
dos que apregoam
o inatingível,
dos que forjam
um forçado diferencial.

Não vou mais
discordar
dos que querem distância,
dos que querem desviar,
me fazer desistir,
me esquecer.     

Asno

                                              

                 eu o  
                             asno  mastigo
            pleonasmo e
                   continuo
          descendo pra baixo
          do seu 
                               asco
                       masco
             raízes e espinhos
                                 e na baba
                         me purifico.

Procurando justificativas



Passei a noite toda
procurando  
uma justificativa,
uma justificativa
que não fosse
histórica,
admirei a chuva
pela janela,
reouvi canções
de um filme grego
rasguei bilhetes de
inelegíveis grafias...

Passei uma noite inteira
procurando
por justificativas,
por justificativas
que não fossem
repetidas,
gastei o restante dos incensos
escovei minha gata
que tinha um olhar reprovador
das pastilhas de gengibre
não sobrou nenhuma...

Passei por todas as
justificativas plausíveis
e nada,
nada de luz
de alento,
Aletheia não veio
me socorrer...

Amanhecia,
e eu decidi que deixaria a barba
por mais alguns dias,
e que seria no mínimo razoável
encarar a estrada.