segunda-feira, 27 de setembro de 2021

Kim, Tarr, Rainer e a Arte Sétima

 

Kim Ki-Duk  [Coréia do Sul]
do arco das estações
aponta sua flecha
para a ilha onde habita o insólito
[animais selvagens]
onde a casa vazia
tem endereço desconhecido
e o tempo não é nada samaritano,
onde sem fôlego acordamos de um sonho
no meio de um mosaico com
imagens esdrúxulas.
 
Béla Tarr [Hungria]
olha para a danação  
com vagar atípico,
as personagens solidificam
na desgarrada solidão
caminham em silêncio
na panorâmica p&b
enxergam suas monstruosidades
no olho ancestral,
Irimiás discursa diante
do cadáver da menina suicida,
extemporâneas e harmônicas
as obscuras imagens nos desconcerta
e sem ritmo nos faz bailar
o tango de satã.   
 
Rainer Werner Fassbinder  [Alemanha]
e sua inúmeras querelas
tanto desespero
tanta violência gratuita
e sexo fácil;
Rainer é incômodo, é visceral,
um estrebuchar com a faca nas entranhas
uma afronta aos gastos costumes,
furor incandescente e sem tempo
para lamentos
para lágrimas amargas.

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