quarta-feira, 28 de maio de 2025

Efêmeros

passei
passamos
e o quê ficou
o quê resta
no fundo da memória ‘Alzheimer’
na lembrança de lapsos
o quê ficou
em cada âmago
o vazio
o esquecimento
puro e simples...
 
passei
passamos
ela foi mais brutal que o
capitão Nascimento
me pedindo pra sair
pra sumir
covarde que sou
sai pela portinhola
que estava entreaberta
pulei a pequenina janela
do sótão
esgueirei pela fresta
mal iluminada...
 
passei
passamos
o segundo andar
congelou corações
como uma noite de nevasca
no deserto
não mais
nenhuma aurora boreal
trará de volta
o frescor
da primeira manhã de outono
que adentra
sorrateiramente pela
epiderme...
 
passei
passamos
e o ‘tal’ amadurecimento
permanece lá entre felinas
ferozes leoas defendendo
suas crias
(sic)
inatingível...   



quarta-feira, 14 de maio de 2025

Seria...

Seria um
desgastes 
desnecessário
então,
falarei somente das
folhas caídas
à revelia do
vento...
 
seria um
desperdício
descabido
portanto,
lembrarei apenas
o que fôra dito
aleatoriamente
sobre o sorriso
verdadeiro do catador de recicláveis
naquela nublada manhã...
 
seria uma
desavença
desconfortável
entanto,
destacarei só
o último diálogo
non sense
com o espectro
rivalizador, 
semelhante ao seu
semblante ameaçador...
 
seria um
descarte
desmoralizante
logo,
manterei exclusivamente
na prateleira defronte,
seus insultos e descasos
para não se perder
na memória,
o suco ígneo e escaldante
da incompatibilidade...