domingo, 4 de outubro de 2009

Não temo mais.



Já não temo mais a solidão;

tenho um par de tênis para ser lavado,

meia dúzia de livros ainda não lidos,

tenho que apagar todos aqueles nomes na parede,

& outros tantos na agenda.

Não terei filhos nem netos para cuidar de mim,

para me ouvir, me aporrinhar;

nem por isso.

Não temo mais,

na estante alguns filmes pra ver,

e poucos pra rever,

rabiscos incompletos,

e uma enorme indisposição para

explicações inúteis,

discussões idem.

Já não importa mais

minha barba por fazer,

o cabelo oleoso ou

a falta de uma foto minha nos “amigos”.

Tenho coisas menores para cuidar,

a caixa de fósforos acabando,

uma escova nova,

jornais velhos, uma cruzadinha;

preservativo, condicionador...

Na falta de uma visita espontânea,

uma profissional.

Já não temo mais a solidão.

2 comentários:

Isaias de Faria disse...

poema bem escrito. prende a leitura ja nas 2 primeiras linhas.

Patricia Alhures disse...

Bela e triste como uma viúva jovem. Adorei mais essa.